Fatos e fotos - interpretados através da cor pura

Fatos e fotos , cor , vida , força e realidade 

Costumo ler jornais, revistas, folhetins, etc...  hoje nem tanto, porque tomo ciência das noticias pela internet, mas continuo a ler. Quando jovem eu prestava muita atenção às noticias e também colunas sociais. As fotos mexiam com a minha imaginação, pois tentava entender o que as pessoas estavam realmente a pensar no momento da foto e o que a foto em si significava, nesta época eu desvencilhava o texto e tentava focar em fazer a minha interpretação do que via e identificava nas fotos. 

Era um exercício mental interessante.

No jornal, as fotos eram P/B então eu vestia a minha interpretação de cores, vibrantes, escandalosas, tentando faze-las saltar da tela com vida e força. Sempre via o apelo social em suas variantes de comunicação. Tinha muitos questionamentos: O que as pessoas pensavam ao serem fotografadas? Que mensagem tentavam passar? Algo subliminar? 

São fotos dos anos 80s que me ativavam a mente criativa, era uma época fervilhante e desafiante, onde como já mencionei, muitas mensagens eram passadas de forma singular. 

A ameaça 

Os vizinhos 

Fofoca

O contrato

Escandaloso (a)

Noticia bombástica 

A reunião  

O príncipe

 O coquetel social

Destaque de carnaval - puras borboletas 

Família feliz - a propaganda

Paternidade

 

Encantos da luz

As vezes um pequeno detalhe no ambiente doméstico nos desperta o desejo de registrar aquele momento através da arte.

Em minha pintura eu sempre procurei ser fiel ao que sentia naqueles momentos. Houve fases de pesquisa, novas técnicas, estudos, observação da natureza, novas formas de representação do cotidiano, leituras de jornais e interpretação gráfica em desenho e pintura. 

Nunca me interessei por grandes temas, grandes personalidades, um simples raio de sol ou uma foto antiga, uma imagem do futuro, um perfume, uma música já me basta para mover todo o processo criador de arte que existe em mim. 

Durante alguns anos eu vivi em uma fazenda onde foi possível apreciar e respirar o poder que a natureza exerce sobre nós e foi lá que tentei captar a beleza da luz entre as árvores ao longo do dia. Abaixo algumas destas pinturas, usei títulos apenas para indicar qual era a hora do dia que me chamou atenção.

Não tenho um estilo único de pintura, utilizo técnica e imagem em função daquilo que quero transmitir, posso passar da pintura clássica - realista - figurativa ao intermédio realista-abstrato ou totalmente abstrato. Assim como pinto paisagens e pessoas, também me vejo interessada em uma simples mancha no chão ou um detalhe único em algum objeto. Ao final o objeto produzido será o melhor daquilo que me propus a fazer e retratar.

Por do sol entre eucaliptos

Luzes do amanhecer no quintal 1

Por do sol entre eucaliptos 2

Luzes do amanhecer no quintal 2

Luzes do amanhecer no quintal 3

Rio Veredão - Cerrado da Bahia 

Nesta reflexão eu era a artista, a observadora, o publico.

No que concerne à arte, muito se fala na plasticidade e no conteúdo de uma obra, seja na expressão pelas tintas tradicionais seja em ferramentas da moderna tecnologia. 

A plasticidade resumidamente trata-se do material e da técnica que o artista escolheu para criar a sua obra e que melhor se adapta para fazer acontecer e apresentar o seu trabalho ao mundo exterior. A plasticidade  atrai o observador de forma crítica ou não. Correlacionado com a plasticidade está o conteúdo, a obra além da plasticidade necessita refletir o conteúdo, a proposta do artista, o conteúdo precisa ser capaz de tocar o publico e fazê-lo interagir com a obra. Creio que ambas andam juntas.

 

No momento do processo criativo o artista passa por momentos de extrema reflexão onde ele mesmo precisará compreender o proposito da sua obra, o que ela representa para ele o que ela representará para o observador, deverá entender que o que ele cria será visto e interpretado de diferentes maneiras e a partir do momento em que torna o seu trabalho público cada pessoa irá reinterpretar o que foi criado, neste momento eu diria que ela se tornou não só uma obra com o conteúdo e a visão do artista, mas com múltiplas interpretações e visões de quem vê, ela será apropriada por muitas outras mentes criativas pois ela se tornou pública. O artista no momento de fazer a obra estará sempre modificando o trabalho até conseguir visualizar o que ele acha que seria o ideal, mas nem sempre se dará por satisfeito ao final, as vezes ele verá que apenas poucas linhas e poucas cores justificariam e representariam melhor o que queria fazer com sua vontade de criar e transformar.

 No trabalho a seguir eu fiz fotos do desenvolvimento da pintura. Na foto um estágio da obra bem no inicio, depois que terminei eu me perguntei: Porque não parei aqui? Tudo estava ali, as linhas simples, o fundo de base em oxido de ferro que tanto me fascina, o esboço com tinta pura sem mistura, mas eu continuei tentando atingir a perfeição que me foi sugerida em meus estudos de escola, e a arte pura, que eu gostei de ver estava lá nos esboços iniciais, eu deveria ter finalizado naquele instante. 

Neste momento eu fui o meu próprio observador crítico e me coloquei como alguém do público que estava vivenciando uma exposição de arte, nesta reflexão eu era a artista, a observadora, a critica e o público.